(Português) Sao Paulo

um lustre de cristal bem no meu teto.
sao paulo, objeto indireto.
eu sei que eu consigo, o que sempre projeto,
mas nem  sempre projeto, o que é certo.
sao paulo absorve a minha cama,
me suga me explora, me reclama.
eu sei que eu poderia, incendiar o quarto,
mas para que antecipar o fato?
cadê sao paulo? eu vi sao paulo,
mas nem sempre  a cidade me inflama.
no brilho do metal, eu vejo chamas,
chamando, me mandando telegramas,
sao paulo, alamedas, mil noites sem programa,
eu finjo que a cidade me engana.
mil lentes, saturados fotogramas,
na maçaneta, branca porcelana,
poetas atuantes, profetas navegantes,
sao paulo absorve o meu drama.
nas chamas do metal, eu vejo sexo.
comportamentos loucos e conexos.
tao simples contingências, no mesmo universo,
sao paulo e o seu mundo incotesto.
no teto de cristal eu vejo drama,
sao paulo tortuosos fotogramas,
eu sei que eu conquisto, o meu proprio espaço,
mas tenho que dançar no seu compasso.
na branca, porcelana, maçaneta.
sao paulo, você é do meu planeta.
sao paulo amordaçada, por vezes, conformada.
sao paulo, passeando de lambreta.
cadê sao paulo? eu vi sao paulo!
sao paulo, labaredas flutuantes.
cadê sao paulo?
eu vi sao paulo!
alaranjadas, como diamantes.
Copyright Nara Lisbôa
1997

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